O Palácio do Planalto acredita que a operação da Polícia Federal (PF), que desarticulou um plano para assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, pode ter impactos significativos para o ex-presidente Jair Bolsonaro. A análise foi divulgada pela coluna de Paulo Cappelli, no site Metrópoles, e aponta duas principais consequências para Bolsonaro no cenário político.
A primeira consequência seria o isolamento ainda maior de Bolsonaro dentro da direita. Governadores como Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Ratinho Jr. (PSD-PR), ambos cotados como potenciais candidatos à Presidência em 2026, estariam evitando arriscar seu capital político em defesa do ex-presidente. No entendimento do Planalto, figuras importantes do campo conservador têm demonstrado resistência a se envolver em polêmicas que possam comprometer sua imagem, especialmente em um momento em que a direita busca novos liderazgos.
Além disso, Bolsonaro já vinha acumulando atritos com aliados de direita durante as eleições municipais de 2024. Ele entrou em conflito com Caiado por apoiar candidatos opostos em Goiânia e causou desconforto em Curitiba ao flertar com uma adversária do candidato de Ratinho Jr., apesar de ter firmado um acordo com o governador. Apesar dessas tensões, ambos os governadores conseguiram eleger seus aliados, reforçando sua posição e, possivelmente, aumentando o distanciamento de Bolsonaro.
A segunda consequência seria o enfraquecimento do discurso internacional de Bolsonaro em favor da anistia para os condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A operação da PF, que dominou o noticiário durante a semana da reunião do G20 no Rio de Janeiro, trouxe à tona conexões entre os planos golpistas e militares próximos ao ex-presidente. Enquanto aliados de Bolsonaro apostavam na eventual eleição de Donald Trump nos EUA para fortalecer sua narrativa internacional, Lula aproveitou a cúpula do G20 para realizar 11 reuniões bilaterais com chefes de Estado, consolidando sua posição no cenário global.
Segundo a Polícia Federal, o plano para assassinar Lula, Alckmin e Moraes envolvia militares ligados ao bolsonarismo, como o general Mario Fernandes, ex-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, preso na terça-feira (19). A PF também revelou que o plano foi debatido na residência do general Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa e vice na chapa de Bolsonaro em 2022. A operação, batizada de Contragolpe, destacou a gravidade das conexões golpistas e colocou ainda mais pressão sobre Bolsonaro e seus apoiadores próximos.