O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (17), em entrevista à BBC News Brasil e à BBC News, que vetará qualquer projeto de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), caso a proposta seja aprovada pelo Congresso. A declaração foi feita diretamente do Palácio da Alvorada e reforça a posição do governo diante das articulações políticas em torno da possível anistia. “Se vier para eu vetar, pode ter certeza de que eu vetarei”, afirmou Lula, deixando claro que não compactua com a ideia.
Embora tenha reconhecido que a atribuição de aprovar ou rejeitar o projeto cabe ao Legislativo, Lula foi categórico ao afirmar que não sancionaria uma proposta dessa natureza. O presidente reiterou que a justiça deve seguir seu curso, e que decisões desse tipo não podem ser contaminadas por interesses políticos. A fala acontece em um momento de intensa polarização e debate sobre o papel do Congresso frente aos casos de corrupção, abuso de poder e ataques à democracia.
Lula também comentou a situação jurídica de Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por envolvimento na tentativa de golpe em 2022. O ex-presidente cumpre prisão domiciliar desde agosto, por violar medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes. Segundo Lula, a condenação de Bolsonaro não tem cunho político, sendo baseada em provas concretas e delações. “Não estamos falando de perseguição, mas sim de responsabilização”, disse o petista.
Além disso, o presidente criticou duramente a PEC da Blindagem, aprovada na Câmara dos Deputados, que impõe restrições a investigações e punições contra parlamentares. “Se eu fosse deputado, votaria contra. Se fosse presidente do meu partido, orientaria todos a votarem contra”, declarou. Apesar da orientação, oito deputados do PT votaram a favor da proposta. Na mesma entrevista, Lula também comentou as relações com os Estados Unidos, lamentou as tarifas impostas por Donald Trump ao Brasil e disse estar disposto a dialogar com o republicano durante a Assembleia-Geral da ONU. Quanto às eleições de 2026, afirmou que uma possível candidatura dependerá de sua saúde e da avaliação interna do PT “no momento certo”.
