O motorista por aplicativo Wiliam Pinheiro Moura, de 31 anos, viveu uma situação desesperadora nesta quarta-feira (29), em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia. Após parar em casa para almoçar, começou a receber diversas mensagens no celular, algumas com ameaças, e prints de reportagens locais e nacionais que traziam seu nome e sua foto como sendo um dos líderes do Comando Vermelho (CV) presos durante a megaoperação realizada no Rio de Janeiro, na madrugada da última terça (28). A falsa associação teria surgido a partir de uma informação equivocada repassada por uma fonte da polícia baiana à imprensa.

“Fiquei sem chão. Sou trabalhador, nunca estive no Rio de Janeiro e, de repente, me vi sendo acusado de algo que nunca fiz. Estou com muito medo. Desde o ocorrido, não saio de casa”, relatou Wiliam na manhã desta quinta-feira (30). O temor do motorista é justificado: Vitória da Conquista é uma das cidades baianas com forte presença de facções criminosas, divididas principalmente entre o Comando Vermelho e o Bonde do Maluco (BDM). “A divulgação indevida da imagem dele associada a uma facção representa risco real à sua integridade e à própria vida”, afirmou o advogado Sadraque José Serafim Ribeiro.

A confusão teve início logo após o resultado da operação do governo do Rio de Janeiro nos complexos do Alemão e da Penha. Com a informação de que criminosos baianos ligados ao CV estariam entre os presos e mortos, jornalistas locais passaram a buscar dados junto à Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).

Segundo o jornal Correio, um agente da Polícia Civil baiana forneceu nomes e imagens de supostos integrantes da facção, entre eles o de Wiliam. A mesma fonte teria repassado as informações a outros veículos de comunicação, o que acabou espalhando o erro e transformando um trabalhador em alvo de desinformação e ameaça.