O clima esquentou nos bastidores da política itabunense nesta segunda-feira (1º), após mais um episódio da já notória tensão entre o presidente da Câmara de Vereadores, Manoel Porfírio, e a secretária de Infraestrutura do município, Sônia Fontes. Durante uma sessão marcada por discursos inflamados, o vereador deixou claro seu incômodo com o que classificou como falta de respeito institucional por parte da secretária, após sua presença em plenário mesmo após uma suposta desconvocação. Segundo Porfírio, “convocação é convocação, convite é convite”, sinalizando que houve um rearranjo interno, mas sem espaço para vaidades ou atropelos.
Porfírio não poupou críticas à postura da secretária, insinuando que ela teria agido com desdém ao comparecer à Casa Legislativa sem uma comunicação oficial clara. “Não é porque vem da capital que vai chegar no interior achando que aqui é um bando de jeca”, disparou. A fala foi interpretada como um recado direto a Sônia Fontes, evidenciando um embate que ultrapassa o protocolo e adentra o terreno político. “O secretário é escolhido pelo prefeito, o vereador é eleito pelo povo. Há uma diferença aí que precisa ser respeitada”, reforçou o presidente da Câmara.
Sônia, por sua vez, alegou que não foi oficialmente notificada da desconvocação, o que, segundo ela, justificaria sua presença. No entanto, Manoel Porfírio afirmou que houve diálogo prévio e que a secretária tinha, sim, conhecimento do novo arranjo. A rusga expôs não apenas um problema de comunicação, mas uma disputa de autoridade entre o Legislativo municipal e a estrutura do Executivo. “Essa casa aprovou o empréstimo que hoje financia as obras. Fazer obra com dinheiro no caixa é fácil. O difícil foi o que essa casa enfrentou para garantir isso”, lembrou o vereador, em tom de cobrança.
O episódio acendeu o alerta sobre uma possível crise de relacionamento entre a Câmara e a Secretaria de Infraestrutura, num momento em que Itabuna enfrenta desafios críticos, como o impasse habitacional na região da Bananeira. Uma audiência pública com os três níveis de governo já está sendo articulada, mas o embate entre os dois representantes pode afetar a condução dos debates. Enquanto Porfírio reforça sua disposição para o diálogo “olho no olho”, a tensão crescente com Fontes deixa claro que a guerra fria está longe do fim — e pode, a qualquer momento, se tornar um confronto aberto.