O mercado de cacau no sul da Bahia vive um momento de renovação e otimismo, impulsionado pela alta recorde no preço da amêndoa, que alcançou US$ 12.565 por tonelada na Bolsa de Nova York em 18 de dezembro de 2024. Após décadas enfrentando desafios, como a devastadora praga da vassoura-de-bruxa, a região volta a atrair investimentos e planejar um futuro promissor. Produtores de todos os portes estão focados em estratégias de aumento de produtividade e novos plantios, fortalecendo o setor que já foi referência mundial.
Modernização impulsiona grandes produtores
Grandes cacauicultores, como Claudia Calmon de Sá, da Agrícola Cantagalo, têm liderado a modernização do setor. Em 2024, ela investiu cerca de R$ 1,7 milhão em tecnologias, adensamento de lavouras e ampliação da mão de obra em 15%. Para 2025, estão previstos mais R$ 2 milhões para recuperação de áreas degradadas e aumento da produtividade. Apesar de enfrentar desafios recentes, como a redução da produção para 450 toneladas devido a doenças fúngicas, Claudia prevê dobrar a produção em dois anos com técnicas inovadoras, como o plantio de cacau a pleno sol e irrigado, que pode render até 180 arrobas por hectare.
Novos investidores entram no mercado
O otimismo não se limita aos grandes produtores. Novos empreendedores, como Adriano Novitsky, engenheiro mecânico e neto de cacauicultores, estão apostando no setor. Adriano destinou R$ 3 milhões ao cultivo de cacau em uma fazenda de 130 hectares em Coaraci, utilizando um modelo agroflorestal que integra culturas como banana e açaí. “Minha meta é alcançar 500 arrobas por hectare em dois anos”, afirma o investidor, que também está adquirindo equipamentos modernos para otimizar etapas como secagem e quebra das amêndoas.
Pequenos produtores em ascensão
Os pequenos produtores também estão colhendo os frutos da retomada do mercado, com o apoio de iniciativas como o Projeto Cacau Mais. O programa atende 2.400 agricultores de até 80 hectares no baixo sul da Bahia, oferecendo assistência técnica, análises de solo e mudas de alta produtividade. Muitos produtores já superaram a meta de 80 arrobas por hectare, projetada para o término do programa em 2025. “A tecnologia está transformando as pequenas propriedades. Hoje, muitos agricultores realizam até quatro adubações anuais, alcançando resultados expressivos”, destaca Leandro Ramos, diretor-executivo do projeto.
Cenário global favorece a expansão brasileira
A incerteza sobre a produção em grandes exportadores mundiais, como Costa do Marfim e Gana, somada à crescente demanda global por cacau, impulsiona ainda mais os preços e beneficia a expansão do setor no Brasil. No sul da Bahia, a combinação de práticas sustentáveis, como cabruca e sistemas agroflorestais, com investimentos em tecnologia posiciona a região como uma forte candidata a recuperar seu papel de destaque no mercado global de cacau, renovando as esperanças de uma nova era de prosperidade.