A Polônia convocou uma reunião de emergência da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) nesta quarta-feira (10), após sua força aérea abater drones russos que violaram o espaço aéreo do país durante ataques da Rússia contra a Ucrânia. Esta é a primeira vez que um membro da aliança militar realiza um ato de defesa direta no contexto da guerra entre Moscou e Kiev, que já se estende por três anos. O episódio gerou forte tensão na região e levantou alertas sobre uma possível escalada do conflito.
O presidente polonês, Karol Nawrocki, anunciou a convocação do Conselho de Segurança Nacional, destacando que a gravidade da situação exige respostas rápidas e coordenadas. “A notícia de que teremos informações completas sobre o que aconteceu na Polônia dentro de 48 horas me levou à decisão de convocar o Conselho”, afirmou em discurso no parlamento. O governo de Varsóvia também acionou o Artigo 4 do tratado da OTAN, que permite consultas urgentes quando a integridade ou segurança de um dos membros é ameaçada — um dispositivo usado apenas sete vezes desde 1949.
Segundo o primeiro-ministro Donald Tusk, um “enorme número de drones russos” cruzou a fronteira entre a noite de terça (9) e a madrugada de quarta-feira, forçando o fechamento temporário de aeroportos em diversas regiões. O ministro da Defesa, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, informou que o comando da OTAN foi notificado imediatamente e está em contato direto com as autoridades militares da Polônia. O comando operacional polonês relatou o rastreamento de mais de dez drones, dos quais quatro foram abatidos, incluindo o último às 6h45 no horário local (1h45 de Brasília). As buscas por destroços seguem em andamento, com apoio aéreo da OTAN.
Em resposta ao incidente, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou que o episódio representa um “precedente extremamente perigoso para a Europa” e pediu uma reação conjunta dos aliados ocidentais. “É necessária uma resposta forte, e ela só pode vir de todos os parceiros: Ucrânia, Polônia, os europeus e os Estados Unidos”, declarou. Zelensky ainda revelou que, no mesmo ataque, a Rússia teria lançado 415 drones e 40 mísseis contra o território ucraniano.