O procurador-geral da República, Paulo Gonet, acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de liderar uma organização criminosa com o objetivo de se manter no poder. A denúncia envolve oito pessoas identificadas como integrantes do chamado “núcleo 1”, considerado o mais importante entre os acusados de tentativa de golpe de Estado em 2022. Segundo Gonet, a investigação revelou elementos contundentes, como manuscritos, arquivos digitais, planilhas e trocas de mensagens, que demonstram os passos para a ruptura da ordem democrática.

Entre os acusados, destacam-se ex-ministros de peso do governo Bolsonaro: Walter Braga Netto (Casa Civil), Anderson Torres (Justiça) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa). O procurador apontou que documentos apreendidos nas operações policiais sugerem que o plano de insurreição começou a ser colocado em prática no dia 29 de julho de 2021. Para Gonet, a liderança de Bolsonaro foi determinante para os atos que atentaram contra a democracia brasileira, sustentando-se em um projeto autoritário de poder.

Caso a denúncia seja aceita, os acusados passarão à condição de réus, iniciando uma nova fase do processo penal. Nesse momento, será conduzido o julgamento para avaliar as responsabilidades de cada um. Após a publicação do acórdão, caso a decisão seja desfavorável aos denunciados, ainda será possível recorrer para esclarecer possíveis contradições ou omissões. Se a denúncia for rejeitada, o processo será extinto.

A denúncia representa um desdobramento significativo nas investigações sobre os atos antidemocráticos que marcaram o período pós-eleitoral de 2022. O caso também expõe o papel central de Bolsonaro e seu círculo mais próximo na tentativa de subverter o resultado das urnas e se perpetuar no poder, colocando em risco a estabilidade democrática do país.