Durante a exibição do filme O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o ator Wagner Moura criticou duramente os ataques da direita ao cinema brasileiro e às políticas públicas de incentivo à cultura. Segundo ele, a campanha de desinformação contra o setor é “cansativa e primária”, destacando que ninguém questiona os incentivos fiscais concedidos a setores como agronegócio ou indústria automobilística, que geram menos empregos que a cadeia do cinema.
Moura ressaltou a importância econômica e social da indústria cinematográfica, que movimenta uma ampla gama de profissionais. Ele criticou ainda a deturpação da Lei Rouanet, usada por setores conservadores para atacar a cultura de forma deliberada. “Tem gente que fala mal da Rouanet por ignorância, mas tem quem minta por má-fé. Um amigo me disse: ’não dá pra explicar a Lei Rouanet pra quem não assimilou a Lei Áurea ainda’”, destacou o ator.
Além da política cultural no Brasil, Wagner comentou a escalada autoritária nos Estados Unidos desde o retorno de Donald Trump. Morando parte do ano no país, ele relatou ter testemunhado ações do ICE — o serviço de imigração norte-americano — tratando imigrantes como criminosos, em um clima de fascismo e discriminação racial. Ele citou o caso da cineasta brasileira Bárbara Marques, presa durante o processo de regularização de visto, como exemplo do que chamou de “estado de exceção” vivido por estrangeiros.
O ator afirmou ainda ter sido ameaçado de perda de visto por denunciar essas práticas, mas disse não temer represálias: “Disseram que iam tomar meu visto por eu falar disso. Eu digo: pode tomar”. Suas declarações reforçam o papel histórico da cultura brasileira como campo de resistência e afirmação política, lembrando da necessidade de defender o cinema nacional em meio a uma nova onda de ataques à arte e à produção cultural.









