Historicamente reconhecido pelo cultivo do cacau, o sul da Bahia voltou a se destacar na produção desse fruto. Segundo a pesquisa de Produção Agrícola Municipal (PAM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Bahia reassumiu a liderança nacional na produção de cacau após cinco anos. Ilhéus, uma das cidades mais tradicionais no cultivo do fruto, agora ocupa a 4ª posição entre os maiores produtores do país.
A pesquisa, divulgada recentemente, analisou 64 produtores de municípios brasileiros dedicados à produção de cacau. Foram utilizados dados de associações, órgãos públicos e entidades agrícolas para mensurar o desempenho dos produtores. Entre os critérios avaliados estavam a área plantada, a área colhida, a produção em toneladas e o valor da produção.
Em 2023, a Bahia produziu 139.011 toneladas de amêndoas de cacau, um aumento de aproximadamente 860 toneladas em comparação ao ano anterior. Esse crescimento de 0,6% representou R$ 2,4 bilhões em vendas, com um aumento de 16,1% em relação a 2022, ou seja, R$ 326,6 milhões a mais. Com isso, a Bahia ultrapassou o Pará, que produziu 138.471 toneladas, e se consolidou como a maior produtora nacional de cacau.
Esse avanço trouxe à memória os tempos áureos do cacau no sul da Bahia, quando, antes da devastação causada pela vassoura-de-bruxa na década de 1980, a região chegou a produzir 400 mil toneladas em um único ano.
Cristiano Sant’ana, engenheiro agrônomo e gerente do Laboratório de Classificação do Centro de Inovação do Cacau (Cic), explicou a relação histórica entre Ilhéus e o cacau: “Por vocação, Ilhéus sempre foi uma cidade com grande área rural e o cacau é, de longe, a cultura mais tradicional por aqui”, afirmou.
O crescimento atual da produção de cacau está ligado a fatores internos do estado, como a implementação de políticas públicas. Nos últimos dez anos, a região vem se reinventando, apostando na verticalização da produção e na transformação do cacau em derivados. A alta nos preços do cacau também contribuiu para o fortalecimento econômico e o reinvestimento dos agricultores.
Além disso, programas como o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) têm sido essenciais para o financiamento da agricultura familiar, oferecendo suporte financeiro, infraestrutura e assistência técnica, o que tem impulsionado ainda mais o setor.
Adilson Reis, analista do mercado de cacau, destacou o impacto econômico da produção no mercado atual. Ele mencionou que, em 12 meses, o valor da tonelada de cacau oscilou entre R$ 2.200 e R$ 11 mil, e hoje está em torno de R$ 7.300. Esse aumento tem gerado grande valorização para o produto.
Adilson também falou sobre a relação entre os preços do cacau e o custo dos insumos necessários para a produção. Ele observou que, há dois anos, o valor de uma arroba de cacau permitia ao produtor comprar apenas um saco de adubo, enquanto hoje, com o valor da arroba em torno de R$ 750, o produtor consegue comprar quase quatro sacos de adubo.
Com a tendência de manutenção dos preços elevados e os investimentos em curso, Adilson acredita que haverá um impacto econômico muito positivo para a região nos próximos anos.
Para quem deseja trabalhar com o cacau em Ilhéus, o cenário atual é promissor, com excelentes oportunidades no mercado.