Mensagens e áudios inéditos extraídos do celular de Jair Bolsonaro, apreendido pela Polícia Federal em maio de 2023, revelam o ex-presidente orientando aliados a apoiar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Os conteúdos também mostram Bolsonaro reclamando de reportagens sobre o caso das joias da União e aceitando uma oferta de viagem com todas as despesas pagas para Israel, feita pelo então embaixador Yossi Shelley.
Nos áudios, Bolsonaro demonstra irritação com matérias que o classificam como figura da “extrema direita” e com as investigações sobre o possível desvio de joias pertencentes ao acervo público. Em um dos trechos, o deputado Hélio Lopes (PL-RJ) pede orientação sobre assinar ou não a CPI contra o STF, expressando receio de prejudicar o ex-presidente. Bolsonaro reconhece o risco de retaliação, mas aconselha o aliado a seguir adiante com a assinatura.
Outro diálogo destaca a oferta de Shelley, que propôs uma viagem de 14 dias a Israel para Bolsonaro e três acompanhantes, poucos dias antes de uma operação da Polícia Federal. Em mensagens trocadas com aliados, o ex-presidente também expressa preocupação com o apoio do setor do agronegócio e atua nos bastidores como articulador político dentro do Partido Liberal (PL).
O material encontrado reforça suspeitas de que Bolsonaro continuou exercendo influência política e buscando benefícios pessoais mesmo após o fim do mandato. As evidências levantam questionamentos sobre possíveis práticas irregulares e uso indevido da estrutura diplomática e partidária em prol de interesses particulares.