A Associação de Linguística Aplicada do Brasil (ALAB), uma das principais entidades científicas do país, elegeu ontem sua nova diretoria. Com mais de 60% dos votos, a Chapa 1 – Sulear a Linguística Aplicada e Contra-Colonizar o Conhecimento foi a vencedora, elegendo o professor Gabriel Nascimento como novo presidente da associação. A eleição representa um momento importante de renovação e fortalecimento do compromisso da ALAB com uma ciência crítica, inclusiva e comprometida com as realidades brasileiras.
Fundada em 26 de junho de 1990, a ALAB tem como missão consolidar um lócus acadêmico e científico dinâmico, voltado à promoção de estudos, debates e ações no campo da Linguística Aplicada (LA). Esta área se dedica à investigação dos usos situados da linguagem em contextos sociais diversos, propondo reflexões profundas sobre práticas linguísticas e seus desdobramentos culturais, políticos e educacionais.
O novo presidente, Gabriel Nascimento, traz uma trajetória marcada por superação e excelência acadêmica. Natural de Banco Central, comunidade rural no sul da Bahia, enfrentou a fome durante a crise do cacau e aprendeu inglês de forma autodidata aos 10 anos, utilizando livros da irmã. Ingressou na universidade em 2009, sem cursinhos preparatórios, onde se formou em Letras – Inglês e Português. É mestre em Linguística Aplicada pela Universidade de Brasília (UnB) e doutor em Estudos Linguísticos pela Universidade de São Paulo (USP).
Ao longo da carreira, Gabriel foi professor visitante em instituições internacionais de prestígio, como a University of Pennsylvania, King’s College London, University of South Australia e a Pennsylvania State University, esta última com apoio da bolsa Fulbright. É autor de diversas obras, entre elas o impactante livro “Racismo Linguístico: os subterrâneos da linguagem e do racismo”. Membro da ABPN (Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as), também integrou a direção nacional da União de Negros pela Igualdade (UNEGRO). Sua eleição à presidência da ALAB representa não apenas um avanço acadêmico, mas também um marco de representatividade e compromisso com a transformação social por meio da linguagem.