Os trabalhadores do Hospital Geral Costa do Cacau, em Ilhéus, vivem uma situação alarmante devido aos recorrentes atrasos no pagamento de seus salários. O problema, que já se arrasta há meses, vem causando sérias dificuldades financeiras para os profissionais da saúde. Segundo relatos, o pagamento tem sido efetuado apenas após mobilizações ou greves organizadas pelo sindicato, geralmente entre os dias 15 e 20 de cada mês.
A situação se agravou com o impasse entre a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) e a empresa responsável pela gestão do hospital, o Instituto Brasileiro de Gestão e Administração Hospitalar (IGA). Enquanto isso, os trabalhadores enfrentam uma carga de trabalho elevada sem a devida remuneração em dia. “Com os salários atrasados, ficamos sem condições de cumprir com nossas obrigações financeiras. Quando conseguimos pagar, é sempre com juros, o que nos endivida ainda mais”, lamentou um técnico de enfermagem, que preferiu não se identificar.
A precariedade financeira está afetando diretamente a rotina dos funcionários. Muitos têm faltado ao trabalho por não conseguirem custear o transporte ou por precisarem priorizar gastos básicos, como alimentação. “Estamos falando do salário de novembro que ainda não recebemos. Já não contamos mais com o décimo terceiro ou o salário de dezembro”, desabafou um dos profissionais.
Além das dificuldades financeiras, os trabalhadores denunciam a sobrecarga física e emocional que enfrentam diariamente. “Nós nos dedicamos de domingo a domingo para cuidar de quem precisa, mas em troca recebemos descaso e falta de reconhecimento. A pressão psicológica e as condições de trabalho são insuportáveis”, acrescentou o técnico de enfermagem. Para muitos, a sensação é de total abandono pelo poder público, que os aplaudiu como “heróis” na pandemia, mas agora ignora suas necessidades.
O Sindicato dos Trabalhadores convocou uma assembleia para esta segunda-feira, na tentativa de buscar soluções para a crise. Em um apelo emocionado, um dos funcionários pediu apoio e visibilidade para o problema: “Fomos chamados de anjos da pandemia, mas agora somos tratados como vilões. Precisamos de respeito e condições dignas para continuar cuidando das pessoas”. A crise no hospital escancara a desvalorização dos profissionais da saúde e reflete diretamente na qualidade dos serviços prestados à população.