Na noite de domingo, 2 de fevereiro, o ônibus do Barcelona de Ilhéus foi alvo de um ataque enquanto retornava do treino no Estádio Mário Pessoa. O veículo foi atingido por um objeto ainda não identificado na Avenida 13 de Maio, por volta das 18h30, causando danos materiais. No momento do ocorrido, os jogadores estavam a bordo, o que torna o episódio ainda mais grave. Felizmente, ninguém ficou ferido. O caso foi registrado em boletim de ocorrência, obtido com exclusividade pelo Foco na Bahia.

O episódio acontece em um momento de grande animosidade entre torcedores do Colo Colo e do Barcelona de Ilhéus. O estopim da tensão foi a recente solicitação da diretoria do Barcelona para um “equilíbrio visual” no Estádio Mário Pessoa, que atualmente ostenta exclusivamente as cores do Colo Colo. O pedido do Barcelona, que também representa Ilhéus no cenário nacional, gerou revolta em parte da torcida adversária, que passou a encarar a iniciativa como uma tentativa de apagar a história do clube.

Vale ressaltar que o Estádio Mário Pessoa não pertence ao Colo Colo. Trata-se de um espaço público e, portanto, deve representar todos os clubes que jogam na cidade. Apesar disso, a narrativa de que há uma tentativa deliberada de “apagar” o Colo Colo foi reforçada recentemente em um programa de rádio local, no qual um comentarista fez duras críticas ao Barcelona e convocou torcedores do Colo Colo a reagirem.

Trechos da fala, que circularam amplamente nas redes sociais, deixam claro o tom inflamatório da discussão: “Quem é o Barcelona na fila do pão? O Colo Colo forte é um obstáculo ao Barcelona!”, disse o comentarista, afirmando que “o time que vocês amam já está passando por um processo de apagamento”.

O impacto dessas declarações não demorou a surgir. Agora, a hostilidade se materializa em atos como o ataque ao ônibus do Barcelona, um fato que, se não for contido, pode escalar para algo ainda pior. Basta olhar para os tristes episódios recentes do futebol nordestino, como os conflitos violentos entre torcedores do Santa Cruz e Sport, que deixaram feridos e mancharam a imagem do esporte.

Diante desse cenário, fica a reflexão: até que ponto vale a pena fomentar esse tipo de rivalidade? O futebol é paixão, identidade e história, mas também deve ser entretenimento e união. Os clubes podem coexistir no mesmo espaço, sem que um precise destruir o outro. Incitar a violência, seja de forma direta ou indireta, não fortalece nenhum time. Pelo contrário, enfraquece a cidade, o esporte e a essência do futebol.

O jogo entre Barcelona de Ilhéus e Colo Colo, marcado para esta terça-feira (04), em Jequié, deveria ser apenas um espetáculo dentro das quatro linhas. O que se espera é que as torcidas se respeitem e que a rivalidade fique restrita ao campo, onde o futebol realmente acontece.

O Foco na Bahia se solidariza com o Barcelona de Ilhéus, reconhecendo sua importância no cenário esportivo e sua representatividade para a cidade. O time vem elevando o nome de Ilhéus em competições nacionais, como a Série D do Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil, dois torneios de extrema relevância. O esporte deve ser celebrado, não usado como ferramenta para dividir.