Mensagens obtidas pelo Foco na Bahia revelam detalhes de um suposto esquema de propina em emendas Pix que está sendo investigado pela Polícia Federal no âmbito da Operação Overclean. De acordo com os diálogos enviados ao Supremo Tribunal Federal (STF), o assessor parlamentar Marcelo Gomes, ligado ao deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA), trocou mensagens com o empresário Evandro Baldino, apontando como funcionava o caminho do desvio de recursos públicos.

As conversas mostram que, sem a necessidade de cadastro de projetos específicos, parlamentares tinham liberdade para enviar verbas a municípios de forma direta, utilizando as chamadas emendas Pix. Segundo as apurações, parte desse dinheiro teria sido repassada a empresários por meio de licitações fraudulentas, beneficiando um grupo de políticos e gestores públicos. O caso acendeu um alerta na PF, que agora investiga como os valores foram desviados e distribuídos como propina.

Nos autos da investigação, a Polícia Federal aponta que o dinheiro saía dos cofres públicos, passava por empresas de fachada — algumas registradas em nome de “laranjas” — e retornava em forma de pagamentos ilícitos. As mensagens obtidas indicam que o assessor de Félix Mendonça tratava diretamente da liberação das verbas, em troca de benefícios indevidos. Apesar da gravidade das evidências, a defesa de Marcelo Gomes afirmou que ele “reitera a total e absoluta inocência do seu constituinte”.

Procurado pelo Foco na Bahia, o deputado Félix Mendonça Júnior declarou que nunca tratou de emendas com o empresário Evandro Baldino e que não enviou recursos públicos para empresas ligadas ao caso. Já a defesa do empresário não se manifestou até o fechamento desta matéria. O episódio reacende o debate sobre o uso obscuro das emendas Pix e levanta suspeitas sobre o alcance político e financeiro de um dos esquemas mais controversos do país.