O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, defendeu enfaticamente a presença permanente do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, classificando a medida como uma “correção de uma injustiça histórica”. A declaração foi feita durante seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta sexta-feira (27). A ampliação do Conselho é uma demanda antiga do governo brasileiro, que tem participado ativamente dos debates sobre a reformulação da estrutura da ONU.
Lavrov também reiterou seu apoio à inclusão de outros países do Sul Global, destacando a necessidade de atualizar o sistema internacional para refletir as novas realidades geopolíticas. Segundo ele, blocos como os Brics e a Organização de Cooperação de Xangai (OCX) vêm ganhando relevância como canais de articulação dos interesses do Sul Global e do Oriente. Ele mencionou ainda o crescimento da influência da União Africana e de outras organizações regionais que, segundo o chanceler, ainda não foram devidamente integradas ao atual marco institucional da ONU.
“Apoiamos a inclusão de assentos permanentes para Índia e Brasil, bem como a reparação da injustiça histórica cometida contra o continente africano”, afirmou Lavrov, citando consensos construídos pelos próprios países africanos. O ministro russo acrescentou que a reforma da ONU é apenas uma das mudanças urgentes no cenário internacional, defendendo também a democratização de instituições como o FMI, o Banco Mundial e a OMS, de modo que representem mais fielmente o papel crescente do Sul e do Oriente na economia e no comércio globais.
Em tom crítico, Lavrov voltou a alertar para o que considera ameaças à estabilidade global. Ele denunciou a expansão da OTAN em direção à Ásia, incluindo o Pacífico, o mar do Sul da China e o Estreito de Taiwan, acusando o bloco militar de tentar cercar a região euroasiática. O chanceler russo ainda criticou a retórica adotada por líderes da União Europeia e da própria OTAN, que, segundo ele, alimenta o risco de uma Terceira Guerra Mundial, ao mesmo tempo em que promove uma crescente militarização anti-Rússia e ignora os princípios fundamentais da Carta da ONU. Ele também alertou para o preocupante ressurgimento do nazismo em partes da Europa.