A Prefeitura de Ilhéus abriu um pregão para contratar uma empresa responsável pelo fornecimento de materiais gráficos à Secretaria Municipal de Gestão. O que poderia parecer apenas mais uma licitação administrativa chamou atenção pelo alto custo: o contrato previsto para a empresa vencedora é de R$ 14,1 milhões por um período de 12 meses. O valor levanta questionamentos, sobretudo diante das carências históricas do município em áreas prioritárias como saúde, educação e infraestrutura.

Entre os materiais que compõem a lista da licitação estão 3 mil agendas de capa dura, 50 mil calendários, 12 mil chaveiros personalizados e 10 mil canecas plásticas. A dimensão dos quantitativos e o tipo de itens sugerem uma intenção voltada mais à autopromoção institucional do que ao funcionamento técnico da gestão pública. Em um cenário de restrições orçamentárias e demandas sociais crescentes, esses gastos ganham contornos de desperdício e falta de sensibilidade administrativa.

O edital está dividido em dois lotes: o primeiro, com 79 itens de serviços gráficos, e o segundo, com 34 itens de comunicação visual. Embora seja comum que prefeituras realizem contratações desse tipo para apoiar ações administrativas e informativas, a escala apresentada pelo município de Ilhéus destoa completamente do que seria razoável — especialmente considerando o impacto real que tais materiais têm sobre o serviço público prestado à população.

Diante disso, surge a pergunta inevitável: qual é a prioridade da gestão municipal? Investir mais de R$ 14 milhões em material gráfico — incluindo brindes personalizados — num município que ainda enfrenta problemas básicos, é um claro retrato de escolhas políticas que ignoram as urgências da cidade. A sociedade ilheense, que paga essa conta, merece não apenas transparência, mas coerência e responsabilidade na aplicação dos recursos públicos.