Durante as comemorações pelos 115 anos de emancipação política de Itabuna, no sul da Bahia, um vídeo com professoras da Escola Profissionalizante Maria de Lourdes Monteiro cumprimentando o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), gerou forte repercussão local. O registro foi feito durante a Missa em Ação de Graças, realizada na Catedral de São José, na última segunda-feira (28). Três dias após o ocorrido, duas das professoras que aparecem nas imagens foram demitidas da instituição — sem qualquer justificativa formal, segundo relata uma delas.
A professora Alline Nascimento afirmou que acredita estar sendo vítima de perseguição política. “Quando o vi, falei: ‘Nossa, que legal’. O pessoal já foi abraçando, e eu também cumprimentei. Foi uma foto tranquila, sem intenção política”, contou. A Prefeitura de Itabuna, por meio de nota, negou qualquer motivação política nas demissões e alegou que os desligamentos fazem parte de uma “reestruturação administrativa” da instituição, sem citar nomes ou cargos dos profissionais atingidos.
Alline relatou que, após o episódio, começou a ouvir de colegas e até de políticos locais que o gesto de cumprimentar ACM Neto teria sido um erro grave, já que o atual prefeito, Augusto Castro (PSD), aliado do governador Jerônimo Rodrigues (PT), considera o ex-prefeito de Salvador um adversário político direto. “Só fui entender a gravidade disso depois que tudo aconteceu”, explicou. O vídeo foi publicado por ACM Neto em suas redes sociais e, segundo a professora, teria provocado a reação da gestão municipal.
Segundo Alline, a demissão foi comunicada oficialmente na quinta-feira (31), e outra colega também desligada preferiu não se manifestar por medo de retaliações. Uma terceira professora, concursada, teria igualmente sido alvo de críticas internas. “Uma colega chegou a dizer: ‘Não pode tirar foto com ele, senão é traição ao governo’. Isso é absurdo”, lamentou. Alline afirmou ainda ter buscado apoio de um vereador, mas foi informada de que o prefeito estaria “irredutível” e tratando os envolvidos como “opositores”. Ela encerrou dizendo que a demissão inesperada lhe causou grande insegurança: “Era minha principal fonte de renda”.
Veja na íntegra a nota da prefeitura de Itabuna:
“A Prefeitura Municipal de Itabuna esclarece que não há qualquer fundamento na acusação de perseguição política envolvendo a substituição de uma profissional que atuava na Escola Profissionalizante Maria de Lourdes Monteiro.
A mudança ocorreu de forma pontual e faz parte de um processo normal de reestruturação administrativa da gestão. A referida profissional mantinha vínculo empregatício com uma empresa terceirizada, em regime temporário, sem qualquer relação de estabilidade com o quadro efetivo do município.
Importante ressaltar que a empresa está em processo de desligamento de diversos funcionários, o que reforça o caráter administrativo da decisão.
Reiteramos que este governo não compactua com práticas de perseguição política e respeita integralmente a liberdade de expressão e a escolha individual de cada cidadão. Tentativas de politizar decisões administrativas corriqueiras não contribuem com a verdade e buscam criar uma narrativa distorcida dos fatos.
A Prefeitura segue comprometida com a boa gestão dos serviços públicos e com a valorização de todos os profissionais que atuam com responsabilidade e compromisso com a população.”