Maior chacina da história do Rio de Janeiro deixa cenário de horror no Complexo da Penha
Moradores do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, viveram uma madrugada de desespero nesta quarta-feira (29). Em um ato de denúncia e dor, pelo menos 55 corpos foram levados até a Praça São Lucas, após a operação policial que já é considerada a mais letal da história do estado. O cenário, descrito por testemunhas como “de guerra”, escancara o custo humano das ações de segurança pública em comunidades cariocas.
Na noite anterior, o governo do Rio havia informado que 64 pessoas morreram — sendo 60 apontadas como criminosos e 4 policiais. Entretanto, segundo o secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, os corpos levados pelos moradores não constam no balanço oficial. Caso as novas mortes sejam confirmadas, o número total de vítimas pode ultrapassar 100 pessoas, um dado que reforça a gravidade do episódio e levanta questionamentos sobre a transparência das informações divulgadas.
Relatos indicam que muitos dos corpos estavam na área de mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia, local onde ocorreram intensos confrontos entre as forças de segurança e suspeitos. Moradores afirmam que ainda há cadáveres espalhados pelo alto do morro, aguardando remoção. O clima é de medo, revolta e luto entre as famílias da comunidade, que denunciam o abandono e a violência recorrente nas favelas cariocas.
O ativista Raull Santiago, que participou da retirada dos corpos, descreveu o horror vivido na região. “Em 36 anos de favela, passando por várias operações e chacinas, eu nunca vi nada parecido. É algo brutal e violento num nível desconhecido”, afirmou. A tragédia reacende o debate sobre o modelo de segurança pública no Rio e a urgência de políticas que priorizem a vida, especialmente nas periferias historicamente marcadas pelo descaso e pela violência estatal.









